Poeta, Brasil
Beijo pouco, falo menos ainda, mas invento palavras que traduzem a ternuar mais funda e mais cotidiana. Inventei, por exemplo, o verbo teadorar intransitivo: Teadoro, Teodora.
Duas vezes se morre: Primeiro na carne, depois no nome. Os nomes, embora mais resistentes do que a carne, rendem-se ao poder destruidor do tempo, como as lápides.
Somos duplamente prisioneiros de nós mesmos e do tempo em que vivemos.
O que tu chamas tua paixão é tão somente curiosidade. E teus desejos ardentes vão batendo as asas na irrealidade.
Aquele pequenino anel que tu me deste, — Ai de mim — era vidro e logo se quebrou Assim também o eterno amor que prometeste, — Eterno! era bem pouco e cedo se acabou.
A tarde cai, por demais Erma, úmida e silente... A chuva, em gotas glaciais, Chora monotonamente.
Quero ser feliz nas ondas do mar. Quero esquecer tudo, quero descansar.
Quero a delicia de poder sentir as coisas mais simples.
É preciso saber escolher as próprias ignorâncias.
Estou farto do lirismo comedido, do lirismo bem comportado, do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente, protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor. Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
É tocante e vive, e me fez agora refletir que só é verdadeiramente vivo o que já sofreu.
Tem mais presença em mim, o que me falta.
Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei.
Meu Quintana, os teus cantares não são, Quintana, cantares: São, Quintana, quintanares. Quinta-essência de cantares... Insólitos, singulares... Cantares? Não! Quintanares!
Não quero amar, não quero ser amado. Não quero combater, não quero ser soldado.
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
Toda manhã o aeroporto em frente me dá lições de partir.
O dia vem, e dia a dentro continuo a possuir o segredo da grande da noite.