Escritor(a)/Jornalista, Brasil
Não damos importância ao beijo na boca. E, no entanto, o verdadeiro defloramento é o primeiro beijo na boca. A verdadeira posse é o beijo na boca, e repito: – é o beijo na boca que faz do casal o ser único, definitivo. Tudo mais é tão secundário, tão frágil, tão irreal.
Na vida, o importante é fracassar.
Invejo a burrice, porque é eterna.
Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia.
Quem nunca desejou morrer com o ser amado nunca amou, nem sabe o que é amar.
O Natal já foi festa, já foi um profundo gesto de amor. Hoje, o Natal é um orçamento.
Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola.
O socialismo ficará como um pesadelo humorístico da História.
A prostituta só enlouquece excepcionalmente. A mulher honesta, sim, é que, devorada pelos próprios escrúpulos, está sempre no limite, na implacável fronteira.
Jovens: envelheçam rapidamente!
O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: o da imaturidade.
O Marx é uma besta.
Sem paixão não dá nem para chupar picolé.
O 'homem de bem' é um cadáver mal informado. Não sabe que morreu.
Um filho, numa mulher, é uma transformação. Até uma cretina, quando tem um filho, melhora.
Com sorte você atravessa o mundo, sem sorte você não atravessa a rua.
O óbvio também é filho de Deus.
Toda oração é linda. Duas mãos postas são sempre tocantes, ainda que rezem pelo vampiro de Dusseldorf.
O ser humano, tal como imaginamos, não existe.
A beleza interessa nos primeiros quinze dias; e morre, em seguida, num insuportável tédio visual.
O brasileiro é um feriado.
Deus me livre de ser inteligente.
Todo amor é eterno. E se acaba, não era amor.
Nada nos humilha mais do que a coragem alheia.
É preciso trair para não ser traído.
A Europa é uma burrice aparelhada de museus.
Copacabana vive, por semana, sete domingos.
O Brasil é muito impopular no Brasil.
Não há nada que fazer pelo ser humano: o homem já fracassou.
Toda mulher bonita leva em si, como uma lesão da alma, o ressentimento. É uma ressentida contra si mesma.